sexta-feira, 18 de março de 2016

Rede GLOBO e FIESP querem justiça social? Por frei Gilvander Moreira.

Rede GLOBO e FIESP querem justiça social?
Frei Gilvander Moreira[1]

Na Bíblia, há inúmeras passagens que alertam o povo contra os ataques dos falsos profetas, dos lobos vestidos de cordeiros, dos falsos sacerdotes, dos latifundiários (saduceus) e imperialistas (reis, Herodes etc). “Cuidado com o fermento dos fariseus, dos saduceus e de Herodes (Marcos 8,15; Mateus 16,6)” e “se a vossa justiça não superar a justiça dos fariseus, não entrareis no reino dos céus (Mateus 5,20),” enfatizam os evangelhos.
“Diga com quem tu andas e o que fazes que direi quem tu és”, diz um ditado popular. Quem está liderando e insuflando a gritaria pró-impeachment da presidenta Dilma e exigindo a prisão do ex-presidente Lula é a Rede gLOBO, a FIESP, o PSDB, o DEM e vários outros integrantes da classe dominante. Representante gigante do poder midiático, a rede gLOBO cresceu apoiando – e sendo beneficiada pela - a ditadura militar-civil-empresarial de 1964 e está envolvida até o pescoço numa mega-evasão de divisas no SUIÇALÃO e de evasão fiscal no próprio país (estimado em mais de 600 milhões), sem contar as falcatruas envolvendo a CBF e a FIFA. Líder do mega poder econômico no Brasil, a FIESP é a Federação das Indústrias de São Paulo. Há 516 anos, no Brasil reina a exploração da classe trabalhadora pela classe dominante de plantão em ciclos sucessivos: pau brasil, açúcar, café, ouro, monoculturas do eucalipto, da soja, do capim, do agronegócio, enfim. “Importa produz produtos primários para exportar”, praticam a classe no poder. Somente nos últimos 14 anos, integrantes da classe trabalhadora conquistaram vários direitos sociais. O PSDB e DEM querem retornar ao poder junto com o PMDB, que está no poder há 30 anos.
A corrupção é a febre de uma doença em crise aguda, que é o capitalismo e o sistema do capital, que tem como regra violentar a dignidade humana e ecológica de forma ampliada e sem limites. Quem dissemina a corrupção e a imoralidade no tecido social é a TV gLOBO com Big Brother, novelas imorais e alardeamento de violência e economicismo. A classe dominante furta (dizer ‘lucro’ é eufemismo) e esfola a classe trabalhadora de forma impiedosa há 516 anos. Os banqueiros nunca furtaram tanto como nos últimos 14 anos. A corrupção corresponde a 10% do roubo, mas 90% do roubo é feito pelo sistema do capital. Por que os badaladores do golpe não questionam o lucro excessivo das grandes empresas?
O PT errou sim e muito, traindo seus princípios originários, mas ser justicializado em “justiça de fariseus e de saduceus” não é aceitável. Até 2002, toda a corrupção era empurrada para debaixo do tapete pelos governantes com a cumplicidade da classe dominante. Foi com Lula e Dilma que o Ministério Público e a Polícia Federal ganharam autonomia para investigar. Foi Dilma que sancionou a lei das delações, o que está viabilizando investigar e punir corruptos e corruptores. Mas por que não se investiga e condena todos os corruptos e corruptores? Por que investigação seletiva, só à esquerda? Por que não investiga o Aécio Neves, o PSDB em São Paulo, o Michel Temer, o Cunha, o Renan Calheiros e tantos outros? Por que não se faz uma Auditoria cidadã das dívidas pública e externa? Duas pedras e duas medidas não é justiça ética.
O juiz Sérgio Moro está sendo parcial, tendencioso, inconstitucional e cometeu várias ilegalidades chegando ao cúmulo de grampear telefones da Presidência da República, cuja competência é do STF, pois a Presidenta tem foro privilegiado. E se ele tiver gravado falas sobre assuntos de segurança nacional? Fazer espetáculo midiático mandando conduzir coercitivamente Lula para depor é se revelar testa de ferro da TV gLOBO e da FIESP. Sérgio Moro está sendo construído pela rede gLOBO, PSDB e FISP para ser Collor 2. Collor, em 1991, abriu as portas do Brasil para o neoliberalismo e para as multinacionais, processo continuado por Fernando Henrique Cardoso, do PSDB, com a privatização de mais de 170 empresas estatais, entre as quais a Vale do Rio Doce, hoje rio azedado pela Vale/Samarco/BHP, que vem cometendo desde o dia 05 de novembro de 2015 o maior crime humanitário-socioambiental da história da humanidade.
A classe trabalhadora está indignada com a crise econômica, com a falta de reforma agrária, de reforma urbana, com a perda de direitos trabalhistas, sociais e ecológicos. Está também irada com o PT, com o PSDB e com toda a classe política, com raras exceções, mas não aceitamos o golpe do capital, midiático e com roupagem jurídica que está sendo insuflado. A Constituição e a democracia precisam prevalecer. A vontade da maioria que elegeu nas urnas Dilma para presidenta precisa ser respeitada, pois Dilma não cometeu crime de responsabilidade.
O grave atual momento histórico ensina que os movimentos sociais e populares, o povo trabalhador organizado deste país que sempre esteve em marcha, nas ruas e na luta, precisa com lutas coletivas intervir muito mais no judiciário, no legislativo, no executivo, na opinião pública e em todas as formas de poderes deste país, sobretudo no combate a Rede gLOBO e toda mídia que está a serviço do capital. É urgente regatarmos a ética e a justiça social nas instituições e nas relações humanas e ecológicas.
Enfim, temos que ser contra o golpe do capital, golpe midiático, do poder econômico e de enclaves capitalistas no judiciário. Alegam combate à corrupção, mas não querem apenas o extermínio de Dilma, de Lula e do PT, desejam ardentemente reforçar a Casa Grande e empurrar a classe trabalhadora (90% da população) para as novas senzalas. Rede gLOBO e FIESP são lobos em pele de cordeiro. Feliz quem não acreditar na manipulação e na incitação à violência que rede gLOBO, PSDB,  FIESP e seus adeptos estão fazendo.
Belo Horizonte, MG, 18 de março de 2016.




[1] Assessor da CPT, de CEBs, do CEBI e do SAB; doutorando em Educação pela FAE/UFMG. Email: gilvanderufmg@gmail.comwww.freigilvander.blogspot.com.br

Nenhum comentário:

Postar um comentário